sexta-feira, 7 de março de 2014

UMA MAFIOCRACIA DOMINA O PLANETA



Em matéria passada eu explicava que MÁFIA é um termo mundialmente utilizado que se refere a um tipo especial de crime organizado. Originado na Itália meridional, atualmente o termo é também usado para identificar, tanto simples grupos de criminosos organizados, como associações de indivíduos que empregam métodos ilícitos ou ilegais em seus negócios ou postos de trabalho. A máfia pode ser, tanto um grupo social, ou um poder. Por mafiocracia, se entende, então, o sistema em que se sustentam, se organizam e se administram as práticas de certos grupos delituosos.
A mafiocracia possui sua racionalidade e um código de ética particular, que são sustentados pelas vertentes mais negativas da ideologia capitalista: uma, representada pelo setor de capitalistas, cuja motivação central de vida é a avareza; estes podem ser empreendedores ou conservadores, porém, todos são individualistas; têm um tipo de comportamento de orientação acumulativa; gostam de se apropriar de riquezas através do trabalho alheio e da usura. Alguns ligam esta motivação a idéias religiosas do protestantismo e do judaísmo.
A outra vertente é representada por indivíduos conduzidos por uma ambição desmedida de enriquecimento fácil e rápido; como todos os capitalistas, fundamentam sua conduta na chamada ética dos interesses materiais; sua orientação, por princípio, é improdutiva e de exploração; usam qualquer meio possível para conseguirem seu bem-estar particular. Neste setor, se encontram, misturados, yuppies impacientes das áreas financeiras e bancárias, comerciantes desonestos, lobistas e gestores corruptos, como também funcionários corrompidos dos setores públicos e privados, ao lado de outros costumeiros delinquentes.
A mafiocracia é um sistema de organizações criminosas que, qual uma hera daninha, aproveita-se das debilidades de todos os sistemas humanos, infiltrando-se neles de forma aberta ou sub-repticiamente. É, por conseguinte, um sistema parasitário. Como outros grupos com interesses particulares, as máfias acham, nos procedimentos informais, as vias e meios para penetrarem em empresas, ministérios etc., obtendo, assim, vantagens e benefícios. Estes meios informais são propícios para o tráfico de influência e para outras ações patológicas que afetam o funcionamento das organizações, especialmente do setor público; o que não significa que a área privada fique imune a tais males.
Contudo, as máfias, não só se valem de alguns meios informais para controlar e obter vantagens nas organizações em que conseguem penetrar, mas também construíram verdadeiras corporações para a realização de seus ignóbeis propósitos. De tal maneira, que tais associações criminosas alcançaram enorme poder e enorme difusão nos mais diversos campos da atividade humana, em todo o mundo: no sistema financeiro e bancário; em áreas de seguros; bolsas de valores; setor imobiliário e de movimento cambial, assim como no sistema econômico de empresas estatais e privadas; sindicatos; estrutura judicial, policial e penitenciária; sistema alfandegário e portuário; sistema de saúde e hospitalar, incluindo nisso tudo a produção e o tráfico de armas e drogas; o contrabando de bens e pessoas, sem falar de tantas outras áreas sob controle destas organizações delituosas.
Certa literatura tem pretendido atribuir as práticas de delitos nacionais e internacionais exclusivamente às máfias dos chamados “Estados falidos”, localizados, é claro, em regiões subdesenvolvidas do chamado Terceiro Mundo. Para esta literatura, se existe alguma conexão delituosa entre as regiões do Sul atrasado e o Norte desenvolvido (como, por exemplo, as que ocorrem entre os produtores de drogas colombianos, traficantes mexicanos e grandes distribuidores e consumidores estadunidenses, ou como a que há na extração e tráfico ilegal de pedras preciosas, ou de minerais de grande valor e madeiras nobres, entre máfias africanas e talhadores europeus e judeus), os países desenvolvidos são as vítimas desta relação. Os países atrasados ficam como réus.
É certo que existem máfias em todos os países, não apenas organizadas para atividades com drogas e minerais valiosos e escassos, mas que também praticam grandes fraudes financeiras e econômicas que tanto atingem os estados como os cidadãos. Vale lembrar, por exemplo, a máfia de políticos e funcionários corruptos que, na ex-URSS, se apoderou de bens e matérias-primas, colocando-as no “mercado negro”, sabotando a economia, quando se desmontava a burocracia soviética. Outra, que operou, não faz muito tempo, na Venezuela, em torno de fraudes bancárias, agindo no campo imobiliário e com tráfico de bônus e de dólares, que influenciou sobre o índice inflacionário do país. Há, ainda, máfias de funcionários públicos e operadores sindicais nas indústrias nacionais de ferro, alumínio e da construção.
Entretanto, indubitavelmente, as máfias mais poderosas se encontram nos países desenvolvidos. São elas, em verdade, as grandes financistas, as que ditam suas próprias pautas e controlam os grandes mercados.
Por acaso, não são verdadeiras máfias as associações financeiras e bancárias, e a militar-industrial norte-americana, que atualmente governam a economia global? Se alguém tem alguma dúvida a respeito disso, vale a pena ler, como uma simples amostra, o artigo de Matt Taibbi, na revista Rolling Stone, em que conta a história e revela o papel do banco de investimentos, Goldman Sachs, na crise econômica mundial e, praticamente, em todas as bolhas financeiras das últimas décadas. Taibbi culpa os Goldmanites de aurífagos, famélicos e ferozes alquimistas do dinheiro do povo; manipuladores, junto ao governo, das regulamentações financeiras e dos mercados de valores, em benefício próprio. Além de se favorecerem do resgate financeiro, que é orquestrado por seus ex-diretores, transformados em funcionários do governo.
A lista de ex-diretores do Goldman Sachs, nas altas posições do governo dos Estados Unidos, é escandalosa; é como se o Goldman Sachs fosse a ante-sala das secretarias de finanças do governo, afirma Taibbi. Por exemplo, o último secretário do Tesouro de George W.Bush, o ex-CEO do Goldman, Henry Paulson, foi o arquiteto do plano de resgate, um suspeito plano de auto-serviço para a canalização de bilhões de dólares para seus velhos amigos, em Wall Street. Robert Rubin, ex-secretário do Tesouro de Bill Clinton, passou 26 anos no Goldman, antes de se tornar presidente do Citigroup, que – por sua vez – tem um resgate de 300 bilhões de dólares dos contribuintes, outorgado por Paulson. Entre outros, há John Thain, o detestável chefe do Merril Lynch, que comprou para seu Escritório um tapete de US$ 87.000, enquanto sua empresa estava implodindo. Antigo banqueiro do Goldman, Thain aproveitou-se de uma mãozinha de muitos bilhões de dólares, dada por Paulson, que usou bilhões, dos fundos dos contribuintes, para ajudar o Bank of America a salvar a pobre empresa de Thain. Os diretores dos bancos nacionais do Canadá e da Itália são ex-alunos de Goldman, como também o são o chefe do Banco Mundial, o chefe da Bolsa de Nova Iorque e, também, os últimos chefes do Federal Reserve Bank of New York.
Todavia, a análise de Taibbi ainda pode ser considerada como um tanto incompleta, visto que, acima desses funcionários mafiosos, se encontram os “capi di tutti i capi”. César Aching Guzmán identifica estes “poderosos dos poderosos”, nas seguintes famílias mafiosas:
1-Família Rothschild (Londres, Berlim e Israel)
2-Família Rockefeller (EUA e Israel)
3-Família Morgan (Inglaterra)
4-Família Warburg (Alemanha)
5-Família Lazard (França)
6-Família Mosés Israel Seif (Itália e Israel)
7-Família Kuhn, Loeb (Alemanha e EUA)
8-Família Lehman Brothers (EUA)
9-Família Goldman Sachs (EUA)
Segundo Aching Guzmán, “estas mega-ricas famílias e seus descendentes são intocáveis pela lei, e isentas de impostos por toda a vida. Cada vez que fazem a tal “salvação econômica”, na realidade COMPRAM os bancos e as financeiras do mundo, apropriando-se pouco a pouco do país que “salvam”… Eles seriam os chefes das máfias que controlam o Planeta, donos de bancos criadores dos grandes cassinos de especulação e dos paraísos financeiros; são os donos das grandes corporações da indústria militar, das grandes mineradoras, petroleiras… São os que organizam ações terroristas, fomentam guerras e invasões, ou seja, são os responsáveis diretos pela miséria, desolação e morte em que vivem bilhões de seres humanos; são os que puseram o Planeta e nossa espécie à beira da extinção.
Augusto N. Lapp